VIRGEM DA LAPA

 

ENTREVISTAS

Joana Leite de Souza Nascimento - Bisneta de escravos, dona Joana Leite nasceu e cresceu na comunidade do Pega, e nos concedeu um lúcido depoimento do alto de seus 92 anos de idade. Foi do tempo em que, na comunidade, só tinham duas famílias, justamente as de seus pais, os Lopes e os Leite. “Eram só essas duas famílias aqui, depois é que foi vindo mais gente. De primeiro eram poucas casas, mas depois cresceu bem”, recorda. Sobre a origem do nome da comunidade, relembra histórias repassadas de geração a geração. “Os escravos viviam correndo dos fazendeiros, que paravam tudo aí por perto. Eles não tinham como passar por causa do rio, e ficavam gritando ‘pega, pega.’”.

 

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Laurinda Figueiredo de Oliveira e Nídia Oliveira Batista - Na memória das moradoras da comunidade de Almas, lembranças da mais tenra idade. Dona Nídia recorda que, quando criança ainda, arriava mula para poder levar cana no engenho. Trabalhavam muito, carregando sacos de estopa para plantar capim. Mas também lembra de momentos bons de comunhão, mais naturais de tempos passados. “A gente fazia a Sexta-feira da Paixão, fazia comida em conjunto, um levava comida para o outro. Era aquela boniteza: todos andando com as comidas, prato de arroz, de doce.” Era também tempo das festas de Santa Cruz na comunidade, e das penitências, quando juntava gente de Almas e Cabeceira da Onça, como bem rememora dona Laurinda. “Cada um descia de sua comunidade, rezando, e quando chegava no cruzeiro cada um colocava sua pedrinha lá. Levava um litro de água e deixava aquela água descendo, lavando ela. Era assim durante nove dias. Quando nós começávamos a fazer a penitência, as roças já estavam morrendo, e quando terminávamos já era debaixo de água, chovia mesmo.”

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Maria da Conceição Oliveira e Domingos Batista Oliveira - Dona Maria e seu Domingos se conhecem desde pequenos. Vindos de Córrego de Laranjeiras, constituíram família roçando nas terras de Massacará, em conjunto com a Comunidade de Onça de Baixo. O nome vinha do córrego que tinha água abundante. “Tinha muita água, a nascente era lá na chapada. Mesmo quando a chuva estiava ele continuava correndo”, relembra dona Maria. Plantavam milho, feijão, mandioca, e até hoje seguem com a atividade como podem. “Só plantamos milho e mandioca mansa; a chuva de tempos para cá não chega”, lamenta ela. Ao relembrar festas, como a de Santa Cruz, em 3 de maio, e de Nossa Senhora da Lapa, em 15 de agosto, recordam da libertação dos escravos, história que ouviam de seus ancestrais. “Eles foram libertados e aí inventaram essa reza.”

 

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Maria Moreira dos Santos e Maria Valdeci Souza Santos - Do alto de seus 84 anos, dona Maria Moreira é história viva da Comunidade de Cardoso. Ela se lembra do tempo em que a região abarcava dois córregos abundantes, São Domingos e Córrego da Onça. “Secaram os dois”, lamenta. Participava das festas do Rosário, mas parou de ir depois que seus conhecidos faleceram. Sua sobrinha, Maria Valdeci, dá mais detalhes: “As pessoas mais idosas é que sabiam fazer a festa como era antigamente. Minha mãe foi juíza quatro vezes da festa do Rosário. A festa tinha acabado e ela foi uma das pessoas que levantaram.” As duas contam que antigamente não havia lamparina; o pavio era de algodão e, colocado numa vasilha, era molhado com azeite. “Até óleo de cozinha iluminava”, lembra dona Maria, que trabalhou na enxada capinando de segunda a sexta, e também tirava ouro. Mas depois que os córregos secaram, “acabou a água, acabou o ouro”.

 

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Mauro Gonçalves - As comunidades de Campinhos e Capim Puba já foram muito produtivas. Ali se plantava mandioca, cana, criava-se gado, além do extrativismo que tornava possível colher pequi, mangaba, frutos próprios da chapada que permeia as comunidades. Mas depois da chegada das plantações de eucalipto, a água foi secando e tudo foi ruindo, obrigando seus habitantes a migrarem para outros lugares, ou para a cidade, ou ainda mais longe: São Paulo e Belo Horizonte. Natural de Campinhos, Mauro Gonçalves já é a quarta geração da sua família que vive e luta para preservar o que ainda resta da chapada. Seu empenho é para preservar as terras que ainda permanecem intactas, inclusive detentoras de duas nascentes, que, se as plantações de eucalipto avançarem, correm sério risco de secar. “Essa terra é quilombola, não pode ser vendida, não pode ser desmatada, isso é importante para nós. Outra questão é o investimento em água. É preciso arranjar um meio de furar poços ou mesmo captar água de chuva”, pondera.

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Tereza Alves Assunção Santos - Dona Terezinha é mais uma valente remanescente de quilombo da comunidade de Rosário de Baixo, no município de Virgem da Lapa. Suas histórias são relatos vivos de um povo forte em suas tradições, que aprende a atravessar adversidades com coragem, criatividade e perfeita sintonia com a natureza de seu entorno. Olhar atento para as mudanças de costumes e crenças na comunidade, observa como, apesar de aumentar significativamente o número de famílias em sua comunidade, quase metade da população passa quase o ano todo fora, trabalhando em São Paulo. Relata sobre festas e hábitos, e não deixa de refletir sobre a vida passada e presente, fazendo associações reveladoras.

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Vicencia de Souza Oliveira - Crescida no batuque, plantando capim e semente de algodão, dona Vicencia se interessou pelas danças desde os dez anos de idade. Lembra das histórias de escravos que sua mãe e vó contavam. “Tinha um lugar onde nós morávamos que era um monte de pedras. Eram dos escravos que tiravam ouro e ia acumulando aquilo tudo. A gente ia lá e minha mãe contava histórias de quando começou as congadas, do povo da África.” Ela mesma tirou ouro que vendia para comprar roupa e comida. Mas trabalhavam cantando. “A gente trabalhava cantando para tirar ouro ou fiar na roda, para fazer cobertor, roupa de vestir. Usava era roupa de algodão.” O grupo do qual participa chama-se Batuque sem Preconceito e possui cerca de dez integrantes, todas mulheres. Além da celebração do Rosário, se apresentam sempre que são chamadas em festas ou outras manifestações religiosas.

 

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