VIRGEM DA LAPA

Fundada por um rico português chamado Antônio Pereira dos Santos, Virgem da Lapa foi elevada à categoria de vila em 1891, desmembrando-se do município de Minas Novas e anexada ao de Araçuaí. Sua fundação é considerada em 1729, por doação de extensos terrenos entre a margem esquerda do rio Araçuaí e direita do Rio Jequitinhonha 1.

 

Importante também para a cidade é o córrego de São Domingos, que devido à exploração de ouro nas suas margens, originou o primeiro nome, Arraial de São Domingos. Em 1823 foi criada a Paróquia de São Domingos. O nome de Virgem da Lapa só veio a ser criado oficialmente em 1948, porque, até então, era denominado como São Domingos do Araçuaí, já que pertencia a esse município.

 

A fazenda de lavoura e criação onde Antônio Pereira dos Santos se fixou, ficava num lugar denominado de Pega, onde mais tarde se estabeleceu uma das comunidades quilombolas da região. Talvez sem saber, dona Joana Leite de Souza Nascimento vive hoje, no alto de seus 92 anos de idade, onde o próprio município de Virgem da Lapa começou o seu desenvolvimento. Ela, bisneta de escravos, nasceu e foi criada nessa comunidade. Comenta que no início só haviam ali duas famílias, a dos Lopes e a dos Leite, justamente a de seus pais.

 

Para ela, a origem de tal comunidade tem outro ponto de vista. “Os escravos viviam correndo dos fazendeiros, que paravam tudo aí por perto. Eles não tinham como passar o rio, e ficavam gritando ‘pega, pega’”. Antes de se aposentar, dona Joana trabalhava na roça plantando arroz, feijão, andu e milho. E comenta que a principal celebração da comunidade, a festa da Senhora Santana, recebe gente de vários outros municípios como Berilo, Pacheco e Araçuaí. Aliás, é famosa a peregrinação de devotas que vão a pé de Araçuaí a Virgem da Lapa.

 

A religiosidade é sempre muito presente na região. Outra celebração bastante lembrada é a Festa de Santa Cruz. Laurinda Figueiredo de Oliveira, da comunidade de Almas, descreve a festa: “Cada um descia de sua comunidade, rezando e, quando chegava no cruzeiro, cada um colocava sua pedrinha lá. Levava um litro de água e deixava aquela água descendo, lavando ela. Era assim durante nove dias. Quando nós começávamos a fazer a penitência, as roças já estavam morrendo, e quando terminávamos já era debaixo de água, chovia mesmo”, relembra.

 

Bem representativo também é o artesanato de Virgem da Lapa, tendo como um dos principais artigos a vassoura de coqueiro. A matéria-prima diminuiu muito à medida que as plantações de eucalipto avançaram na região, há muitos anos. Na comunidade de Almas, em pouco tempo caiu de nove para três as artesãs locais. Mas a tradição sobrevive e recebe gente de longe para adquiri-las.

 

1 http://ibge.gov.br/cidadesat/painel/historico.php?lang=_EN&codmun=317160&search=minas-gerais%7Cvirgem-da-lapa%7Cinphographics:-history

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