Iniciado em janeiro de 2014, o projeto Quilombos do Vale do Jequitinhonha: Música e Memória pesquisou e registrou as manifestações culturais nas comunidades quilombolas do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, bem como a memória da história dessas comunidades, resgatando e preservando esse valioso patrimônio imaterial. Além de um livro, com entrevistas e um rico acervo fotográfico, o projeto resultou em 30 vídeos de curta duração e este portal na internet, todos de acesso gratuito.

A exuberante diversidade cultural do Vale do Jequitinhonha é resultado, principalmente, de toda região ter sido destino de quilombolas à época da exploração do ouro, no século XVIII. Nessa área, eram os escravos que faziam o trabalho pesado na mineração, mas também foram eles que trouxeram tal conhecimento da África.

Enquanto os habitantes mais velhos guardam a memória de sua história, os mais jovens lutam para que essas tradições não se percam com o passar do tempo. Nos quatro municípios pesquisados, a equipe participou de festas, encontros, apresentações especialmente marcadas para estes registros, nas quais as comunidades revelaram suas danças, histórias e cantos. Mesmo com as diversas dificuldades que enfrentam – especialmente, pela falta da água e infraestrutura – as comunidades seguem vigorosas em manter suas tradições e seu rico legado cultural.

Por ser uma iniciativa que tem a tradição oral como seu ponto central, este site traz 28 depoimentos históricos de personagens importantes, de diferentes gerações, que fazem um grande perfil da vida nas comunidades quilombolas dos municípios de Berilo, Chapada do Norte, Minas Novas e Virgem da Lapa. Ancestralidade, alegrias, dificuldades, costumes, festas e conhecimentos tradicionais são revelados com muita emoção neste portal. Outros materiais produzidos por esta pesquisa – em texto e audiovisual – podem ser acessados aqui.

O trabalho realizado pelo projeto Quilombos do Vale do Jequitinhonha: Música e Memória serviu também para reforçar a certeza de que esta é uma região na qual o fazer do povo – seja na dança, na religião, na culinária ou na forma de lutar diariamente – é muito vivo. E isso tem colaborado para que esse grupo social resista ao sistema que tem violado seus direitos ao longo de décadas. É deveras tardia a hora dessas pessoas serem vistas e ouvidas. E é por essa razão que este material chega às suas mãos agora.