CHAPADA DO NORTE

 

ENTREVISTAS

Antônio Domingos da Costa, Maria, Rita da Costa Silva, Corina Costa de Matos -  A contar pelo número de manifestações culturais que essa quadra de moradores da comunidade de Poções tem na memória, a cultura local deve ficar bem viva ainda por muito tempo. Eles recordam com alegria de danças, como Nove, Vilão, Catira, Folia de Reis, Coco e Roda, e lamentam que os mais novos, hoje em dia, só queiram saber de forró. É como se uma infinidade de ritmos, ritos e danças fosse reduzida a um só gênero. A falta de oportunidade que empurra muitos a procurar trabalho e estudo, principalmente em São Paulo, é lembrada e destacada. Mesmo assim, costumes centenários permanecem, como o bolo de folha, feito de fubá; a canjiquinha; o ora-pro-nóbis. São alimentos que dão força para lembranças de um tempo de mais união. “Antigamente a gente juntava em mutirão, e um ajudava a capinar a roça do outro. Quando era de tarde, todo mundo que morava perto estava com a roça limpa. Depois, trazia o pé de milho todo enfeitado de notas de dinheiro para dentro daquela casa, e de noite tinha dança”, recorda, saudosa, Corina.

 

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Cesário Luiz de Souza, José Luiz Teodoro, Adelina Luiz de Souza, Maria Patrocínio Sales  -  Irmãos de sangue e de fé, unidos pela congada e pela vida na roça, Cesário, José Luiz e Adelina contam com orgulho suas andanças, sempre acompanhados da viola e de muita cantoria. No grupo também está Maria Sales, congadeira apaixonada que não mede esforços para sua dedicação: “Gosto tanto da congada que posso estar caindo de cansada, mas, se falam na congada ou puxam uma viola, aquilo me levanta e me transformo numa menina de 15 anos de idade.” Os irmãos cresceram na congada puxada pelo pai, Herculano. Soltam o verbo para contar causos e estripulias, mas sempre cercados de muito trabalho. Pegando pé de milho para fazer boneco de cabelo vermelho, seu José conta da paixão pela viola. “Eu sou um cara que, quando via um homem numa viola, tocando, eu pequeno, aquilo ficava fervendo no meu coração”, poetisa. Pegava o instrumento escondido do pai e aprendeu a tocar sozinho, para surpresa de todos.

 

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Geni Carvalho Soares - Rainha do congado em Chapada do Norte, Geni Carvalho Soares tem relatos bem sentimentais de toda a sua trajetória. Assumiu o cargo depois do falecimento da rainha anterior e desenvolve com brilho e responsabilidade o novo posto. Relembra com angústia histórias do tempo de seu tataravô, passadas de geração para geração, que relatam o sofrimento do tempo dos escravos, que eram amarrados e humilhados. Mas transmuta em alegria dizendo: “hoje nós temos esse prazer imenso de ter a liberdade”. Em suas lembranças também está a comida feita no pilão; o tear da mãe e o engenho onde o pai fazia rapadura.

 

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José João Alves Soares, Ernestina Alves, Elisa Alves Souza, Elza Alves Vieira, Sandro Gomes dos Santos -  Tudo indica que as comunidades vizinhas Porto dos Alves e Porto Servano tenham a origem de seus nomes nas famílias que sempre habitaram ali, desde os tempos da pós- escravatura. Segundo relato de seus moradores, José João, Ernestina, Elisa e Elza, os mais velhos de que eles têm conhecimento em cada comunidade são Joaquim Alves, de Porto dos Alves e Servano dos Santos, de Porto Servano. Os quatro lembram com alegria das tradições e fatos pitorescos das comunidades, como quando ainda não tinha luz, e seus pais socavam mamona, colocando num prato e acendendo esse preparo para a iluminação do ambiente. “Ficava um fumaceiro na casa, mas a luz, naquele tempo, era essa”, rememora José João. Ou de quando ainda não tinham instrumentos e o batuque era feito na porta. “Eu mesmo tinha um avô que fazia batuque na casa de qualquer um, batendo na porta, e o povo dançava a noite toda”, conta Elisa.

 

 

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Maurício Aparecido Costa  -  A determinação de manter intactas as tradições da festa de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, de Chapada do Norte, por 192 anos, rendeu ao município honra imensurável: o registro da festa como Patrimônio Imaterial e Cultural do Estado de Minas Gerais, concedido pelo IEPHA em maio de 2013. Ganha ainda mais relevância quando lembramos que o Estado possui 853 municípios, quase todos eles com suas festas e celebrações, sendo Chapada do Norte o único a receber tal honraria. Segundo Maurício Costa, secretário de cultura da cidade e presidente da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, esse mérito deve-se a todos os antepassados da cidade, que preservaram com bravura tais tradições por tanto tempo.

 

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Mariana Luiz da Rocha, Idelina Luiz da Rocha, Maria Joana Ferreira Soares,  José Soares Barbosas  -  Comunidade marcada por inúmeras histórias e manifestações culturais Moça Santa é assim chamada por conta dos milagres de uma mulher chamada Rita, que ganhou fama por suas curas entre aqueles que a procuravam. Moça Santa atraiu gente da região e de longe, fazendo cegos enxergarem e deficientes físicos, andarem. É o que contam os mais antigos. Desde então, quase tudo na comunidade foi marcado por ela, como quando se levantou o mastro pela primeira vez, em 4 de fevereiro de 1949, exaltando um de seus milagres, sob as bênçãos do Bom Jesus. Assim, espontaneamente, nesse dia a comunidade celebra Bom Jesus, diferentemente da data original de outros lugares. Período também que exaltam a cultura local, resgatando danças esquecidas por muitos anos, como o Curiango. “Essa é a principal manifestação cultural da comunidade, que começou com o João Levina, pai de José Soares Barbosa, e dona Maria Paula, mãe de Mariana e Idelina Luiz da Rocha. Esse resgate começou no momento em que tomamos contato com as histórias da comunidade, em busca de nossa certificação, a partir de 2004”, nos conta Maria Joana, diretamente responsável pela retomada do orgulho quilombola na comunidade e também de reavivar outras danças, como o Recortado, Vilão de Lenço, Vilão de Braço e mais de 25 outras pesquisadas por ela.

 

 

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Maria Aparecida Machado Silva,  José Elias Machado,  Maria Ribeiro Sirina  -  A memória da escravidão, ou de um modo de vida escrava, ainda é latente para algumas pessoas que vivem em terras de ex-escravos. Esse é o caso de José Elias Machado, de 82 anos, que mora na comunidade Córrego do Rocha. Ele ainda lembra de seus pais contando da vida sofrida e privada de direitos. “Quando a gente não queria trabalhar, escutava do meu pai assim: ‘agora vocês estão libertos, mas eu me criei foi como escravo’. Para comer tinha que trabalhar, para receber dinheiro tinha que trabalhar, se não, ficava aí, que nem animal no campo.”

As memórias são duras, mas também contribuem para a conscientização de direitos adquiridos, como bem lembra Maria Aparecida Machado Silva. “Hoje em dia, tanto o homem como a mulher que trabalham durante um dia, fazendo qualquer serviço, ganham o mesmo valor. Antigamente, não, a mulher era obrigada a trabalhar dois dias para ganhar um dia igual do homem”, enfatiza. Bonita é a história da mãe de dona Maria Ribeiro Sirina, parteira de mão cheia, muito requisitada pela comunidade. Foram incontáveis nascimentos de netos, parentes e amigos em toda região, e até mais longe. Chegam a contar que Rosa Sirina, era esse seu nome, chegava a fazer até três, quatro partos por dia. “Aconteceu dela ficar a noite inteira correndo de uma casa para outra fazendo parto. Tinha que ir avisando as famílias tudo que precisava fazer enquanto corria de uma casa a outra”, relata Maria Aparecida.

 

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